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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A prova.

Quando seus lábios vêm de encontro aos meus
Há no horizonte cores que não posso suportar
E por mais que tente ser contida, querida,
Salta de mim o desejo de provar
De sorver do seu perfume,
Contrastar o meu negrume
Com suas cores reluzentes
E importa o que se sente?
Ou aquilo pretendido?
Estou bem se estou contigo
Já não quero me conter,
De todas as formas existentes de matar o tempo
Mato-o no impulso de me preencher,
Dividindo palavras
E provando você.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Choros

Choros
Não podem ser pagos
Com quaisquer palavras
Ou quaisquer sentidos
Choros
São como tempestades
A dissolverem abrigos
E em seu intimo
Não podem ser compreendidos
Sendo apenas da alma ferida
Uma manifestação.
São extremos, relativos,
Falsos ou cheios de razão,
Absorvidos em pretensões
Ou transbordantes de emoção.
E nessa fissura de ser
As lágrimas derramadas
Se cristalizaram em minha vida
E apenas quando chove é que lavo as feridas
E externo as cores pálidas, antes ocultas
Dos meus pensamentos.
Choros podem ser aflições
Ou vestirem-se de remorsos e arrependimentos
Podem ser palavras derramadas sobre folha branca
A exprimirem simplesmente lamentos.

A ti

A ti
Minha gratidão,
Pelas palavras doces
Ofertadas, adentrando algumas noites,
Pelas tentativas de resgatar minha alma
Pelo respeito e a calma
Em compreender a imensidão escura sobre mim.
A ti
Meu respeito,
Aos silêncios e receios
A voracidade do viver,
A necessidade de provar e de saber,
De amar.
A ti
Minhas desculpas
Pela incapacidade em retribuir com paixão a tua paixão
Por sentir que o amor a tal altura me é vão
Por transportar meus pensamentos para muito distante
Todas as vezes que estou ao seu lado
Por crer que a paixão quer sangue e corações arruinados
E segurar com força a certeza
De que não quero estar apaixonado.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Aos meus amigos

Apenas sentei e contemplei
Aquelas tardes cozendo sabores
Aqueles risos e os amores
Apenas sentei e senti.
E se as lembranças utópicas
Não foram suficientes
Quando os amores já não estavam presentes
O vinho foi o limite
Para me fazer sorrir,
Os amigos ajuntados na mesa
As histórias e lembranças de infâncias
As certezas
Os limites que quebramos
Nós crescemos juntos porque amamos
Nós amamos por uma natural insanidade.
Os dias e noites na praia
Os jogos, as poesias,
As canções, danças, a alegria,
Isso sim foi verdade,
O resto,
As paixões desenfreadas
Noites perdidas, palavras caladas,
Foram só os detalhes,
As pedras na estrada,
E tendo encontrado o momento certo
Num desvio de rua
Ou poema deserto
E tendo deixado para trás as lembranças pesadas
Tudo será equilíbrio
E não faltará mais nada.

Aval

Tão infantis palavras
Tornando primário
Um sentimento ultimo,
Aquela paixão tão fútil
Insistindo em parecer amor.
Tão ridículas palavras
Cheias de certezas
Impregnadas de ardor.
Palavras falsas, inconseqüentes,
Desconexas, sobressalentes,
Pequenas mentiras
Trajadas de verdades.
Como pode a felicidade
Ser o efeito de um sentimento tão banal?
Tão descabidas palavras
No fundo desenxabidas
Fugidas do mundo real.
Relendo até sinto graça
Como sustentar essa farsa
Como dar a ela aval?

Ser feliz

Estou colhendo meus pedaços por aí
Me esforçando pra viver e pra sorrir
E apenas me esforçando,
E a cada amanhecer estou tentando
Lutar contra a dor causada por cada pensamento
E buscando contentamento
Naquilo que amanha não me possa trair,
Estou brigando para ficar,
Para não fugir,
Das conseqüências
Do preço pago por amar,
Estou tentando suportar
Ainda que eu acorde
E sinta ser insuportável,
Ser feliz e ser amável
Quando me falta muito mais que um pedaço.
Estou buscando vencer o cansaço
E apenas buscando,
Me reformulando
Vivendo um gerúndio
Sentindo o refúgio
No que devo ser daqui pra frente,
Me fazendo de contente
Na esperança de que a vida acredite finalmente
Que eu mereça ser feliz.

Além vida... Uma homenagem

O que fazemos em nossos dias? O que os torna saborosos visto que há tanta dor a ser contada? Simplesmente escrevemos! Escrevemos sobre o amor e sobre nossos desejos, sobre os sonhos e o que ficou para trás, inclusive escrevemos sobre o que esperamos chegar... Essa postagem é em homenagem ao meu amigo, irmão, ao meu querido Felipe... Nos conhecemos graças a "poesia" e continuaremos juntos sempre, graças a ela.
Como já fizemos outras vezes, deixo aqui a poesia que escrevemos juntos a alguns fins de semana atrás.

Além vida

Nas sondas dos meus pensamentos,
Desejo meu, este meu anseio,
Perfurar sua alma, navegar em suas particularidades.

E dentro de ti
Violentar suas necessidades
Sorver teu corpo são e nu
Fundir nossas curvas
Como um céu difuso, azul.

Azul celeste, mas quando estou em ti
Ultrapasso a imensa, profusa escuridão azul,
Permanecendo eu cá, lentamente em ti,
Beijar-te os lábios, morder-te a face, levar-te a míngua...

Manter-te aqui, desfalecida
Fazendo de meu corpo tua única pele,
Dissolver meus lábios em suas curvas,
Sutil, voraz, de leve.

Estar assim, colado à alma,
Manter-me nu, náufrago, que enternece,
Pintar-te de branco, sondar-te a calma,
Tornar-te ninfa, minha, linda.

Dominar-te, sondando suas fantasias mais profundas,
Tomar-te a essência dos seus desejos
Matando-te num beijo,

Que na morte inaudita
Encontro de duas transparecidas és vida,
Nunca acabar, cada dia uma morte em vida atrás.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Paradigmático

Um céu de paradigmas sobre minha cabeça
Oprime meus passos
Porém desconhece minha alma,
Por isso insisto e caminho com calma,
Para cada elo há uma quebra
Como uma palavra para quem se cala.
E por mais paradigmático que o segundo céu seja
Há o primeiro céu acima
Insuportavelmente azul,
E sua cor insuportável funde milhões de pensamentos
Despindo cada espírito
Pintando o universo de suspiros e desejos nus.
Um chão de paradigmas sob meus pés
Mal sente a distorção causada no espaço
Como busco a realização do amor
Busco a cautela de meus passos.