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terça-feira, 16 de outubro de 2012

Por vezes

As vezes penso que sufocarei
Ou que tudo isso explodirá em meus pulmões,
Como quem prende a respiração por tanto tempo,
Como quem grita sem poder ser escutado,
Como quem sofre por estar apaixonado,
Como quem morre engolido pela inércia,
Se tudo é lento eu tenho pressa,
Se tudo é breve luto para segurar entre os dedos,
As vezes peleio por dias e horas a fio
Contra meus próprios instintos
De encontro aos meus próprios desejos.
E não há nada, em absoluto,
Que possa ser feito,
Minha alma, uma máquina quebrada,
Não esconde seus defeitos.
 As vezes, somente por vezes,
Também sinto dor
Também morro em um beijo,
Também tenho medo.

sábado, 10 de março de 2012

Nexo

Por quanto tempo esse rio
Permanecerá estático?
Que força é essa,
Necessária para mudar o seu curso?
E mesmo estático
Suas águas são apenas,
Águas de mudança
Por quando tempo essa esperança
Sobreviverá?
Seria o tempo capaz
De mudar tudo
Como a terra muda o curso,
Muda o campo magnético?
Por quanto tempo eu estarei assim
Sem trilho,
Sem nexo?

quinta-feira, 8 de março de 2012

Matei-a

Matei-a
Depois disso
Tive todas aquelas que desejei
E amei mais do que poderia imaginar,
Me encantei,
Pelo dom de excluir,
De matar.
Matar qualquer sentimento que me é inútil,
Que me prenda
Me afogue,
Me apavore.
Matei-a,
E o tempo que a devore.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Outrora pensava
Que sem amor,
Uma amada,
Teria nas mãos apenas mais um livro em branco.
E o fim de uma paixão
Nada me ensinava,
Só restava pranto.
Outrora, meu amor era cego e mudo,
Hoje canto.
Após todas as minhas “amadas”
Pisei outros caminhos
E amei outras flores,
Hoje, há tanto que me possa definir
Menos meus antigos e intensos amores.
Hoje vivo muito mais,
Que um suspiro e um prazer mendigado
Que um coração louco sem saber por que dispara.
Hoje vivo em minha plenitude
As minhas conquistas, tantas outras realizações,
As linhas e expressões
Estampadas em minha cara.
Sim, eu amei,
Amei em toda a intensidade
E quando amei, abdiquei sem perceber
Do amor que dava a mim
De minha autenticidade.
Apenas o tempo foi capaz,
De aplacar o amor fajuto,
A paixão disfarçada de amor.
Hoje sou outra,
Verdadeiramente mulher,
Pois além dos sorrisos
Descobri a dor.
Outros à repelia,
Hoje a respeito
Pois foi somente a dor
Quem arrancou
A ilusão de meu peito.