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segunda-feira, 27 de abril de 2009

Reação


Pedras preciosas

Cheias de inclusões

Produzem efeitos distintos

Produzem aos olhos emoções.

Sempre que me encontro comigo

E grito, e ecoam os gritos,

Sempre que os lanço nas paredes de minha alma,

Observo os espaços vazios com calma

E lapido meu hábito

Explorando os efeitos.

Se for pra fazer

Que eu faça bem feito,

Se for para ser,

Que eu abrace a solidão,

Sem questionar

Ser ou não ser, eis a questão!

Se for para olhar o azul do céu

Que eu me perca e me incorpore a ele

De modo que sejamos indissociáveis.

Se for para desejar que sejam coisas palpáveis,

Porém se for pra amar,

Que eu me perca em pensamentos.

Minhas feridas,

Não cristalizam por dentro,

Circulam meus órgãos internos,

Preenchem espaços eternos,

Lançam-me contra a vida.

De que servem então as feridas?

Para doerem,

E me manterem acordada,

Para baterem em minha cara e dizerem:

Reaja! Você está viva!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Lembrança de você

Te amei,
Além das minhas forças,
Acima dos limites,
Não estipulei um fim.
Por isso fui embora
Em tão súbita hora,
E para não morrer de amores
Me refugiei em mim.
Tranquei,
Os sonhos, os desejos,
As lembranças.
Matei,
Como quem ri da morte
E elimina as esperanças.
Me vinguei,
Como quem se machuca pra sentir prazer.
Mas uma coisa apenas
Não consegui fazer.
Dentre tudo o que calei e arranquei de mim,
Como pintor que nunca se separa do nanquim
Assim o foi, por maior que respirasse o meu querer.
Não pude apagar, arrancar de minha vida
A lembrança de você.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Artificial


Não sei onde errei
Cansei de esperar,
Sempre me enganei
Com um brilho de olhar.

Um pouco de atenção
Um afago qualquer,
Prende o meu coração
E o leva onde quer.

Eu cansei de sofrer
Prefiro a solidão
A ter que me render.

Não quero acreditar
Eu prefiro o silêncio
Que o falso olhar,
E a indecência de amar.

Jóia falsa talvez,
Tudo artificial
Você mesma quem fez
Artífice banal.

Promessas absurdas
Que não pode cumprir,
Prefiro estar surda
A ter que te ouvir.

Chorei,
Como me enganei?
Nas ondas da fraqueza
Outra vez naveguei.

Esqueci
Que eu queria amar,
Enquanto o seu coração,
Só queria brincar.

domingo, 19 de abril de 2009

Custo de Oportunidade

Cinco da manhã
E o céu permeia entre o claro e o escuro,
Casas e poeira
Desenrolam sussuros,
E eu paralisada
Avalio meus custos.
Custos de oportunidade.
Quanto sacrifício representará
Substituir todas as cores
Por um céu insuportavelmente azul?
Anulando as tonalidades todas
Excluindo as variedades,
Até que nada reste além da densidade
Desse azul celeste que enoja, pacifica e silencia.
Quanto custará substituir o risco e a alegria de estar junto
Pela certeza e a segurança de abraçar a solidão?
Quanto custará ao meu coração?
Quanto calarei então em minha vida?
Cinco e meia da manhã,
Mão suadas deixam marcas nas portas de vidro,
Está claro e brevemente apagado
Que existo e que respiro.
Visto minhas calças,
Calço meus sapatos,
Sujo os lençóis de despedidas.
Quanto deixarei jogado nessa sala?
Quanto levarei,
Gravado nessa vida?

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Muitas em uma

Ela adora gatos,
Mas não os tem,
Adora a lua,
Mas nem a olha,
É vegetariana,
Mas só de vez em quando,
E se pergunto o porquê,
Sua resposta é vazia.
Amava o Yoga,
E o abandonou em meio a seus caprichos,
Uma artista mascarada
Expõe como seu ídolo.
O que é Greenpeace?
É muito fácil tê-lo em sua página,
Mas movê-lo em sua vida,
Para ela é impossível.
Ela se encontra na Grécia,
Mas sozinha não encontra o seu sentido,
Diz ser menina e ser mulher,
Mas seus sonhos de infância estão vivos,
Vejo isso em seus olhos,
Que desejam uma casa na árvore, quem sabe,
Sonhos, ou caprichos?
Um de seus ditados,
Tem significados que vão mais além:
FAÇA O BEM, SEM OLHAR A QUEM.
Mas como?
Se de um lado ela sofre para fazê-lo
E de outro ela planta a dor inconscientemente?
Ela vislumbra poderes,
E guarda em sua mente
Uma vontade alheia de poder mudar o passado.
Quer ser feliz para incomodar,
E por isso um dia quis estar ao meu lado.
Depois que incomodou,
Ela foi embora.
Adora livros,
Mas ainda não releu nossa história,
Talvez ela a carregue como eu,
Impregnada em sua memória.
É de peixes,
É da vida,
E não vive.
Diz que o amor tem importância,
E indiferente me agride.
Talvez ela me ame tanto quanto
Aos gatos, a lua, as verduras, o Yoga,
O equilíbrio, as manobras,
Ou sua artista mascarada.
Reduzir, reutilizar, reciclar,
Tudo tão igual ela profere!
Talvez ela me jogue fora
Sem me reciclar,
Talvez nem se dê conta
Quando mata, quando fere.
Seu amor próprio é tão imenso
Quanto sua luta interna.
Pergunta-se:
O que está havendo com o mundo?
Pergunto-me:
O que está havendo com ela?
Diz ser sensível,
Olhando para mim com olhos de pedra,
Diz ser amável,
Mas sua amargura me inquieta.
Diz crer no amor,
E mal me toca como antes tocava,
Me abraça com um ar descrente.
Meu Deus será que ela me amava?
Ou me via como sua descoberta
Como o descontrole de sua loucura?
O que houve com seu MEL?
Onde foi sua doçura?
Ela é muitas,
Ela é duas.