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domingo, 20 de dezembro de 2009

Mar de desespero

O silencio
Minha embarcação
A navegar em um mar inexplicável
E desespero
A distancia do continente
De janeiro
A janeiro.
No mar de desespero estou
Enquanto o continente se despedaça
Alimentando as palavras
Tocando em frente as farsas,
Quase sem palavras estou
Custa muito falar de verdades
Não sinto mais fome, nem dor,
Não sei o que é saudade.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Êxtase

As horas não têm caminhado
Nem lentas, nem velozes,
Elas simplesmente têm estado no ritmo completo
Seguindo o som das nossas vozes,
E pela primeira vez
Eu sei que o tempo não está contra nós.
Somos uma casa cheia de amigos,
Um quarto decorado como abrigo
Um colchão em um canto escondido
E dois corpos a sós.
Somos duas mãos espalmadas
Gemidos finos em densas madrugadas
E o tempo ameno assistindo o amor,
De alguma forma estranha
Somos a cura insana
Para alguma espécie de dor.
Fui nocauteada
Ainda não sei de onde veio sua força
Apenas sei que ela ergue de dentro de mim
E traz a tona o meu melhor,
Fui levada de um lugar ilusório
E mesmo pequena me sinto maior,
Fui seduzida por uma porção de sonhos
Uma casa, a praia, um jardim, uma manhã,
Me permiti amar novamente
Por não ter escolhas,
E o fiz escolhendo
Com a mente plena e sã.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Importâncias.

Não me importa por onde ando
Se sei exatamente aonde vou
Nem as escolhas sobre as quais mudo de idéia
Se sei certamente quem sou.
Não me importa cair
Enquanto eu souber levantar
E nem me importa sofrer
Enquanto puder me encontrar
Me reconstruir
E recomeçar sempre do inicio,
Do ato de amar.
Não me importa errar
Enquanto a juventude me permitir concertos
Ou estar sempre em outro lugar
Enquanto o tempo escorregar por meus dedos.
Não me importa perder
Enquanto puder aprender de outro lado
Me importa viver e guardar os sabores
E não englobar no presente o passado.

sábado, 7 de novembro de 2009

Assoviando across the universe
À uma da madrugada?
Com a alma encurralada
De saudades do amor
Oh tempo, me devolva por favor,
Aquele perfume inebriante,
Aqueles olhos contagiantes,
Aquele riso, aquele beijo,
Eu necessito aquele cheiro
Para encher os meus pulmões,
E aquelas palpitações
Para entreter os meus ouvidos.
Seu movimento
O seu gemido,
Para tocar na minha memória,
Suas mãos espertas
Para escrever essa história
Em formato de poesia,
Enquanto a noite passeia,
E enquanto vem o dia.
O seu abraço apertado
E acordar do seu lado
Para ser a essência mais feliz do mundo,
Meu coração fica mudo
Quando você não está por perto
Não há Oasis
Só deserto imenso,
Não há canções
Só o silencio
E eu te quero.

Jamais o duvidoso ao certo

Olhe e constate
Que não perdeu nada
Que as coisas passadas
São tão pequenas quando comparadas
Ao doce presente vivido,
As canções, os amigos,
O amor, a libido.
Olhe e confirme
Quão mesquinho é o que ficou
E como é necessário
Que as coisas inúteis terminem
E dêem espaço
As coisas significantes,
Não lamente em nenhum instante
O que ficou para trás
Olhe em frente e reconheça a paz
Desses dias de verões e invernos
Desses beijos tenros, ternos,
Dessas horas infinitas
Olhe para tudo construído e reflita
Que tudo valeria ser vivido novamente,
Toda a dor e o desespero fremente,
Toda a angustia e a perda de senso no espaço,
Só pra encontrar com o abraço
Dessa que ama e que te faz feliz,
Pense em tudo o que sempre quis
E reconheça que o tem agora
E que novos sonhos surgem a cada hora
Tornando preterível o que ficou pra trás
Agradeça e não exite mais
Em dizer sim a realização dos seus desejos,
Mal importa de que boca vem os beijos
O que importa é de que coração vem o amor.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Saber o que quero

Eu sei bem o que quero
Nessa manhã vazia,
O corpo dela sobre o meu
O nosso quarto
Ao invés dessa química mineral fria.
Sei bem o que desejo
Como sedentos que querem gasolina,
O perfume de meu amor
Du Riechst So Gut!
Minha menina!
A chuva fina infinita
Caindo lá fora
E os beijos dela
O cheiro que vou sorvendo
Em um íntimo instante,
Agora.
Sei bem o que quero
Longe, além daqui,
Sair correndo, fugir,
Sei bem o que quero.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Alemã

O nascimento da tragédia no espírito da música
Desfilando suas palavras ao som de Rammstein,
O frio do inverno chuvoso
Levando minha mente além.
Os números dispostos
Numa configuração tendendo ao infnito
Uma xícara de café
E pensamentos ativos.
Como quero,
Seduzi-la em meio a esses livros
E arrancar as suas forças
Do íntimo de seus abismos,
Em meu território
Decifrar sua alma e gemidos
E fundir o seu corpo e sua alma comigo.
Como quero,
Impactar a sua história
Como quem rasga e depreda livros de memórias
Para que antes de mim ela não se lembre de mais nada,
E amá-la sob as sombras da madrugada
Em uma morte de semana qualquer...
Como quero,
Possuir e ser, dessa mulher.

Ela

Dor,
Sem degradação.
Me lembro de tribos indígenas
Que são alvejadas por abelhas venenosas
Em seus ritos de passagem,
Dor,
Sem defasagem.
Sinto algo doer intenso
E procuro tal sacrilégio sem encontrar,
A raiz do desespero silencioso,
Onde está?
Leio a borra do café que ela sorveu
E as respostas são cinzas azuladas
Como o céu chuvoso do horário de verão,
Não podem ser interpretadas.
Alvo vive, exaurido, insistente em doer,
Algo que percebo, mas não posso reter
Que sinto, mas não posso matar.
Alto que se perde, uma dor que se esconde
Quando ela me prova com seus lábios
Quando ela vem me amar,
Sim, preciso dela,
A cura singela, que faz a dor sanar.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Nosso quarto

Seu cheiro
Vagando no livro antigo
Sua voz viajando comigo
Em momentos bons
Que não esqueço mais,
A lembrança do seu beijo,
O calor do seu colo,
Me colocam em paz.
Não há outro lugar
Em que eu queira estar
Senão os seus braços
Não há outra ação
Que eu queira tomar
Senão a de estreitar nossos laços,
Me casar contigo
E em manhãs de domingo
Acordar ao teu lado
Te ajudar com as flores do jardim
E enterrar o passado
Afogá-lo
Entre o ardor dos lençóis
Em noites quentes
No nosso quarto.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Querida,
Hoje doce,
Amanha salgado,
Estudo as finanças
Analiso seu saldo
De amor em minha conta bancária.
Amada
Você é tão necessária
Quanto esse cheiro perdido
Saído do seu café
É a febre e a brandura
E a loucura
De quem sabe sem saber o que quer.
Seu sorriso jovem
E as suposições metódicas
Seus estudos sobre américa
E discursos de mitologias nórdigas
Seu colo perfumado
Embriagando minha sanidade
Me fazem te querer
E tornam o querer a única verdade
Que permeia em meus pensamentos.
Amor,
Em nenhum momento
Me dei conta de como és presente
Em minha memória,
Seu abraço é abrigo
Seu beijo a glória
Sei que é contigo
Que quero fugir
Ir embora.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Do passado.

Essa é a fase em que te esqueço
Te ignoro com pirraça,
Como fazem com um fato não compreendido,
Esse é o ápice da minha força
Em que não te reconheço ao meu lado
Nem te imagino comigo.
Essa é a morte do inconsciente
Da necessidade indecente
De cruzar caminhos opostos
É a honra nascendo em minha alma
Fixando-se em meus ossos.
Nem amor, nem saudade,
Apenas indiferença,
Não um poema de lembrança
Sim um poema de sentença
Para selar o fato consumado
De ser você um borrão triste
Apagado em meu passado.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Além de um dia

Minha alma pede seu perfume
Como pede todas manhãs
Seu paladar por um café amargo,
E meus olhos se fecham todas as noites
Sonhando em acordarem contemplando seu sorriso largo.
Meu coração canta baixo a conquista
Desejando que a cada dia corresponda à minha paixão,
Meus lábios saudosos esperam
Seus lábios mergulhados em emoção,
E as preces que o tempo escuta
Saídas intensas de mim
Pedem que me necessite
Como necessita seu cigarro
E que me asorva bem
Como quando sorve esse seu café amargo,
Em tragos sem fim.
Minhas mãos pedem seu corpo
E minhas defesas se perdem
Te convidando a fazer poesia.
Esse segredo que ecoa preso em minha saudade
Quer se externar e transformar em realidade a alegria
De esperar que seja minha
A longo prazo, além de um dia.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Desde o começo

Amada
Não há como não ser
Nessa atmosfera descomplicada
De paz e paixão
Que emana de você.
E desejar o seu perfume
É tudo o que tenho feito
Me elevar com seus suspiros
Me apaixonar por seus defeitos
Com toda calma e paciência
Com toda a fé compadecida
Você é aquilo que realça
Minhas cores, minha vida.
Desejada
Como o sabor doce que eu jamais provei
Diferente de todas com as quais me enganei,
Não há mentiras nem mágoas
Só as horas passando
Momentos lentas, momentos velozes,
Não há nada como a música que toca
Em harmonia com nossas vozes
Enquanto nos perdemos fazendo poesia,
Eu te quis desde o começo,
Só não enxerguei,
Só não sabia.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A prova.

Quando seus lábios vêm de encontro aos meus
Há no horizonte cores que não posso suportar
E por mais que tente ser contida, querida,
Salta de mim o desejo de provar
De sorver do seu perfume,
Contrastar o meu negrume
Com suas cores reluzentes
E importa o que se sente?
Ou aquilo pretendido?
Estou bem se estou contigo
Já não quero me conter,
De todas as formas existentes de matar o tempo
Mato-o no impulso de me preencher,
Dividindo palavras
E provando você.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Choros

Choros
Não podem ser pagos
Com quaisquer palavras
Ou quaisquer sentidos
Choros
São como tempestades
A dissolverem abrigos
E em seu intimo
Não podem ser compreendidos
Sendo apenas da alma ferida
Uma manifestação.
São extremos, relativos,
Falsos ou cheios de razão,
Absorvidos em pretensões
Ou transbordantes de emoção.
E nessa fissura de ser
As lágrimas derramadas
Se cristalizaram em minha vida
E apenas quando chove é que lavo as feridas
E externo as cores pálidas, antes ocultas
Dos meus pensamentos.
Choros podem ser aflições
Ou vestirem-se de remorsos e arrependimentos
Podem ser palavras derramadas sobre folha branca
A exprimirem simplesmente lamentos.

A ti

A ti
Minha gratidão,
Pelas palavras doces
Ofertadas, adentrando algumas noites,
Pelas tentativas de resgatar minha alma
Pelo respeito e a calma
Em compreender a imensidão escura sobre mim.
A ti
Meu respeito,
Aos silêncios e receios
A voracidade do viver,
A necessidade de provar e de saber,
De amar.
A ti
Minhas desculpas
Pela incapacidade em retribuir com paixão a tua paixão
Por sentir que o amor a tal altura me é vão
Por transportar meus pensamentos para muito distante
Todas as vezes que estou ao seu lado
Por crer que a paixão quer sangue e corações arruinados
E segurar com força a certeza
De que não quero estar apaixonado.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Aos meus amigos

Apenas sentei e contemplei
Aquelas tardes cozendo sabores
Aqueles risos e os amores
Apenas sentei e senti.
E se as lembranças utópicas
Não foram suficientes
Quando os amores já não estavam presentes
O vinho foi o limite
Para me fazer sorrir,
Os amigos ajuntados na mesa
As histórias e lembranças de infâncias
As certezas
Os limites que quebramos
Nós crescemos juntos porque amamos
Nós amamos por uma natural insanidade.
Os dias e noites na praia
Os jogos, as poesias,
As canções, danças, a alegria,
Isso sim foi verdade,
O resto,
As paixões desenfreadas
Noites perdidas, palavras caladas,
Foram só os detalhes,
As pedras na estrada,
E tendo encontrado o momento certo
Num desvio de rua
Ou poema deserto
E tendo deixado para trás as lembranças pesadas
Tudo será equilíbrio
E não faltará mais nada.

Aval

Tão infantis palavras
Tornando primário
Um sentimento ultimo,
Aquela paixão tão fútil
Insistindo em parecer amor.
Tão ridículas palavras
Cheias de certezas
Impregnadas de ardor.
Palavras falsas, inconseqüentes,
Desconexas, sobressalentes,
Pequenas mentiras
Trajadas de verdades.
Como pode a felicidade
Ser o efeito de um sentimento tão banal?
Tão descabidas palavras
No fundo desenxabidas
Fugidas do mundo real.
Relendo até sinto graça
Como sustentar essa farsa
Como dar a ela aval?

Ser feliz

Estou colhendo meus pedaços por aí
Me esforçando pra viver e pra sorrir
E apenas me esforçando,
E a cada amanhecer estou tentando
Lutar contra a dor causada por cada pensamento
E buscando contentamento
Naquilo que amanha não me possa trair,
Estou brigando para ficar,
Para não fugir,
Das conseqüências
Do preço pago por amar,
Estou tentando suportar
Ainda que eu acorde
E sinta ser insuportável,
Ser feliz e ser amável
Quando me falta muito mais que um pedaço.
Estou buscando vencer o cansaço
E apenas buscando,
Me reformulando
Vivendo um gerúndio
Sentindo o refúgio
No que devo ser daqui pra frente,
Me fazendo de contente
Na esperança de que a vida acredite finalmente
Que eu mereça ser feliz.

Além vida... Uma homenagem

O que fazemos em nossos dias? O que os torna saborosos visto que há tanta dor a ser contada? Simplesmente escrevemos! Escrevemos sobre o amor e sobre nossos desejos, sobre os sonhos e o que ficou para trás, inclusive escrevemos sobre o que esperamos chegar... Essa postagem é em homenagem ao meu amigo, irmão, ao meu querido Felipe... Nos conhecemos graças a "poesia" e continuaremos juntos sempre, graças a ela.
Como já fizemos outras vezes, deixo aqui a poesia que escrevemos juntos a alguns fins de semana atrás.

Além vida

Nas sondas dos meus pensamentos,
Desejo meu, este meu anseio,
Perfurar sua alma, navegar em suas particularidades.

E dentro de ti
Violentar suas necessidades
Sorver teu corpo são e nu
Fundir nossas curvas
Como um céu difuso, azul.

Azul celeste, mas quando estou em ti
Ultrapasso a imensa, profusa escuridão azul,
Permanecendo eu cá, lentamente em ti,
Beijar-te os lábios, morder-te a face, levar-te a míngua...

Manter-te aqui, desfalecida
Fazendo de meu corpo tua única pele,
Dissolver meus lábios em suas curvas,
Sutil, voraz, de leve.

Estar assim, colado à alma,
Manter-me nu, náufrago, que enternece,
Pintar-te de branco, sondar-te a calma,
Tornar-te ninfa, minha, linda.

Dominar-te, sondando suas fantasias mais profundas,
Tomar-te a essência dos seus desejos
Matando-te num beijo,

Que na morte inaudita
Encontro de duas transparecidas és vida,
Nunca acabar, cada dia uma morte em vida atrás.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Paradigmático

Um céu de paradigmas sobre minha cabeça
Oprime meus passos
Porém desconhece minha alma,
Por isso insisto e caminho com calma,
Para cada elo há uma quebra
Como uma palavra para quem se cala.
E por mais paradigmático que o segundo céu seja
Há o primeiro céu acima
Insuportavelmente azul,
E sua cor insuportável funde milhões de pensamentos
Despindo cada espírito
Pintando o universo de suspiros e desejos nus.
Um chão de paradigmas sob meus pés
Mal sente a distorção causada no espaço
Como busco a realização do amor
Busco a cautela de meus passos.

domingo, 26 de julho de 2009

Despedaçar

Os móveis se despedaçam
Como tudo ao redor,
Enquanto flutua no ambiente
Uma canção insistente
Entre dó e ré maior.
E tudo acontece em um lapso,
Intevalos de tempos pálidos
Em espaços desfigurados.
Não há nada
Além de minha alma desfalecida
E de meu corpo cansado.
Os pedaços de gentes
Que entram, me observam e vão embora,
São agora
Construções de toda a minha revolta e a minha desgraça,
São pedaços
Que entregam suas almas de graça
E transpiram altivas suas farsas.
Que desconhecem suas naturezas e concepções,
E elas estão tão distantes
De meus anseios e minhas emoções.
E olhando daqui
A solidão parece me envolver e me afogar
Me soterrar como avalanche,
E já não posso crer em sonhos e segundas chances
Só posso crer na realidade desse cenário insólito
Mais expressionista que "O grito" de Edward Munch.
Só posso crer na construção Nietzschiana do real e do mundo
Nesses atos absurdos
Nesses falsos personagens,
E que se explodam essas bobagens
E desmaterializem-se essas vontades e representações.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Espectador

Porque me deixaste
Na busca insana pelo teu sorriso?
E se escondeste em outros milhares de olhos
Gerando em minha alma
Esperas, conflitos?
Porque não vieste comigo?
Fiquei esperando
Enquanto o céu se despedaçava,
Cultivando a lembrança de seus beijos em minha alma.
Coração estático,
Caminhei horas inteiras, durante dias,
Colhendo no caminho
Dores muitas e agonias,
E amizades verdadeiras,
Mas você não esteve no caminho
E fiquei noites inteiras
Indagando à minha alma
Por onde esteve? Onde estava?
Outras mãos me tocaram
E não eram as tuas,
Outras paixões me arrastaram
Pelo resto das ruas,
Me usaram, me sujaram
E me deixaram nua,
Esperando ainda
Sua alma,
A alma sua.
Outros lábios
Violaram meus desejos
E tomaram dos meus lábios os seus beijos,
Iludiram minha fé e elevaram minha dor
Tantos foram os falsos olhos
Que me desfilaram vaidades
Disfarçado-as de amor,
Tantas foram as falsas trocas
Os momentos de devaneio e torpor
E sempre terminei da mesma forma,
No meio da estrada
Rebuscando o seu sabor,
Especulando seus olhos
A sorrirem pra mim
Como espectador.

Pedidos

Pedi a ausência dos sentidos
E que ocorresse comigo
A nulidade de todos os sentimentos,
Pedi, como quem pede pela vida
O calculismo e a frieza dos pensamentos,
Pedi a morte de um paladar inteiro
Para não sentir o gosto doce do mel
E a preferência pela realidade amarga
Corrosiva, feito fel.
Pedi a cura e o perdão
Por não poder tocar quem se ajoelha
E implorei por uma centelha de amor
Virando fogo a abraçar a quem me ama.
Mas só encontrei o vazio dos espaços
Me enrolando em meus próprios abraços
E me trancando só em minha cama.
Pedi, lúcida da significância dos pedidos
Pálida ao sondar no espelho meu sorriso
Mórbida, a explorar atrás de mim a minha dor,
Pedi a morte, a cabeça em uma bandeja,
Da paixão e do amor.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Esperança

Pedaços,
Juntados nas frestas do chão
E ausência total de desejos,
Olhos estáticos
Velando a emoção.
Morreu jovem
Pois já não podia respirar,
Morreu de um male comum,
O male de amar.
Sua morte tornou minha existência
Algo insólito e infundado
E ainda não pude aceitar
Ter ao meu lado
Alguém que te traga de volta.
Esperança,
Morreu e trancou suas portas
Para que eu jamais amasse novamente,
E me fez crer na morte dos sentidos
Que posso estar segura e ser contente,
Que posso estar contida em um mundo
Imparcial, inexistente.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Ao seu lado

Você vem
Nas lembranças dos tempos de felicidade,
E me toma pelos braços
Para percorrer aquela cidade,
Aquela praça,
Aquele chão.
Você vem,
E me reanima o coração
Preparando aquele café forte,
Tocando aquela canção
Deitando-se ao meu lado
Em silencio,
Naquele alçapão.
E a cada dia
Seus cabelos brilham mais,
E quando te reencontro
Entre os lábios você me traz
As palavras que preciso ouvir,
E na verdade
É como se nunca tivesse partido daqui.
Foi ao teu lado
Que dormiram todos os meus sonhos
E que amei bem mais do que suponho,
Ao teu lado que deixei a verdadeira mulher que sou
E nos seus olhos repousei
A minha fé e o meu amor.

terça-feira, 21 de julho de 2009

O fato

Apenas seria o mundo
Pura e convicta representação?
Um capricho absurdo
Vestido de falsa razão?

Todos os beijos e felicidades
Apenas seriam vontades
Realizadas quando surge uma idéia?
E seriam os deuses a platéia?

Se todas as coisas se resumem na vontade
Estaria você onde desejou estar
Exatamente encaixado em seu lugar.

Se todos os amores fossem verdade
Eu poderia então me conformar
Com o fato inequívoco de amar.

Do amor

Artimanhas do amor,
Esse sentimento que nem se permite ser descrito
Que permeia entre o cômodo e o perigo
E que só busca os desnorteados,
Esse veneno dos enamorados
Esse vício.
Desperta sensações
E cobra sacrifícios
E nunca aceita o não como resposta.
Adentra nosso íntimo
E escancara nossas portas
Ri da insensatez
Por detrás de nossas costas.
Fez-se assim, sem motivos, engenhoso
Parece puro e frágil
E mostra-se perigoso
Bastando que as portas sejam fechadas.
Então perdemos o rumo da estrada
E do céu, conhecemos o inferno,
De verões saborosos
Descobrimos o quanto a solidão pode ser mortal
Quando são rígidos os invernos.
Ele deixa de ser entorpecente
Mantendo-nos noites inteiras acordados
O amor cheio de santidades e pecados
Não passa de um menino
Cheio de vontades, mimado.

De verdade

Chuva singela
Molha a escada
E penso nela
Adentrando a madrugada.

Penso naquela
Cujos olhos sorriam a alvorada
Minha donzela
Eterna namorada.

Mas o céu traduz a realidade
Enquanto chove e alaga a cidade,
Ela não me amava de verdade.

Foi um devaneio típico da mocidade
Um capricho, uma vontade
Um sonho guardado junto as antiguidades.

Será você

O que seus olhos já viram
Que seus lábios me possam contar?
O que teu abraço envolveu
Que seja livre agora, para me abraçar?
Em que local do tempo e do espaço
Desatou os nós e os laços
E se fez livre, para me encontrar
Em que momento então
Segurarei suas mãos
E poderei te amar?
Será você
A realidade nascida dos meus sonhos?
O afago e o descanso
Para meus ombros enfadonhos,
Será você a nulidade entre prazer e dor?
Seja o que for
É você a calma e as horas que me valem crer,
O motivo maior
Para amanhecer.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Um soneto

Talvez

Talvez a dor seja
A melhor forma de encontrar o caminho,
E o coração sinta e veja
Melhor a verdade, estando sozinho.

Talvez exista o momento
De buscar no intimo o verdadeiro amor,
E a cura nos próprios pensamentos
Dos medos internos, da solidão e da dor.

Talvez o tempo haja contra nossas vontades,
E cada momento aprimore melhor nossas vaidades,
E exista paz em comunhão com a saudade.

Talvez o silêncio releia e transcreva as fases,
E na nulidade dos impulsos o coração faça as pazes,
Com as cruas e amargas verdades.

Em seu lugar

Por uma noite apenas
Vem e se deita em minha cama,
Em infinitos momentos
Me sorve e me ama.
E mal amanheceu
Levanto e vou embora,
É só você e meu perfume
Trancados nesse quarto agora.
Não perca seu tempo me esperando
Pensando que vou te ligar,
Não jogue isso fora me amando,
Pegue suas roupas e vá embora
É o que eu faria em seu lugar.

Desleal

O que espero que faça
Com tudo o que passamos,
Se esqueça de graça
Das juras que trocamos.
Não relembre os momentos
Nem se imagine comigo
Mate os pensamentos
De que somos amantes e amigos.
O que espero que faça é que toque sua vida
Não me olhe sem graça
Nem exponha as feridas
Aliás eu prefiro que nem me encontre,
Que evite os meus olhos
E que não me afronte.
O que espero fazer
É gozar de você
Quando as minhas mãos segurar
E sentir o seu corpo tremer.
Cuspir em suas palavras
E devorar sua boca,
E quando disser que me ama
Responder que estás louca.
Não espere de mim
Atitudes de amor
Poesias sem fim
Ou um buquê de flor.
Não me espere dizer
Que estou com saudades
Pois não amo você
Doa a quem doer
Brinco com suas vontades.
Sou fria, calculista, desleal,
Usar seus sentimentos é normal,
Sou puramente louca
Te levo onde quiser
Tal arte aprendi
Amando outra mulher.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Caminhos

Percorri essas ruas
Recolhendo nas pedras do chão meus pedaços,
Percorri a desgraça e a dor
Como um fato posterior
Ao de me perder em seus braços.
Explorei esquinas tantas
Onde se escondiam os meus desesperos
Observei a chuva desenhar nas paredes brancas, encharcadas,
Meus pesadelos.
Matei meu eu interior,
Afoguei então meu ego,
E encontrei em um beco sombrio
O silenciar das minhas vontades e o sossego.
Como se não bastasse
Encontrei na ausência de sentidos
Minha luz, meu porto seguro
E descobri que atrás de um muro
Mal importariam essências e felicidades.
Percorri as ruas da cidade
Até perder sentidos e visões,
Percorri milhares de ilusões
Até poder ser certa e estar sozinha.

Amor e medo

Quando o mundo foi “feito”
Acaso não foi por um desejo
Daquele que é o puro e pleno amor?
A matéria foi apenas mais uma vaidade
Condenando à confusão da dualidade
O imutável, eterno pecador.
Além do bem e do mal,
Quem realmente pecou?
Mas a beleza não está no pecado
E sim no poder de convertê-lo
E estar acima dele.
A beleza não se esconde apenas no tocar de nossas “peles”
Mas nasce da confusão das nossas almas,
Da clareza, da calma,
Que perdoa os pecados, que reconstrói um coração.
Num lugar onde o homem tão dual
Procura a razão,
Ele se choca violentamente contra oscilações de emoção
Que o leva ao verdadeiro céu de amores.
E no tocar dos lábios
Nos perdemos, na confusão dos sabores,
Na tensão de esquecer
Se foi certo ou errado.
Apenas quem prova a verdade ou a mentira será libertado,
SE NÃO HÁ ERRO EM AMAR
NÃO HÁ O QUE SER PERDOADO,
No pulsar dos corações
Não há nada.
Há apenas um momento, uma estrada
E eu te espero para ser trilhada,
E eu te quero, não me custa nada,
Nada além de um segredo...
Entre resistência e pecado
Somos nós,
Amor e medo.

Eu sei

Como uma bela melodia francesa,
Um show que ainda não acabou,
Você insiste em ser
A lembrança mais doce
Que meu coração não apagou.
Como os móveis em meu quarto
Tão estáticos,
Como o vento a bater em minha cortina,
Esse silêncio, essa distância
Tudo isso me alucina,
Como a saudade de você.
Nossos pensamentos se perdem
Enquanto nossos corpos se encontram
Como se não fossem nossos, involuntariamente,
E os fantasmas ainda insistem
Em confundir nossas mentes,
Eu sei quando sofre
E sei quando mente.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Morta

Dia após dia
Nem sei mais o que consumo,
Apenas sei que te mastigo em agonia,
E em silencio
Já nem assumo.
Tantos caminhos,
Muitos passos,
Tantos minutos
Que alçam vôo,
Nem sei quanto tempo me perco no espaço
Apenas sei que te remôo,
Aprisiono suas lembranças em tantos laços.
Me despedaço,
Me comovo.
Amordaço minha alma
Sufocando-a espero que ela morra.
Prefiro a morte silenciosa a gritar seu nome,
E ter a minha frente um banquete
Sem saciar a fome,
Prefiro esquecer que ainda existe um telefone
E me lembrar apenas
Da forma mais fria,
Que te sepultei um dia
E que estás morta.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Alguém para amar.



Busco com uma urgência silenciosa
Alguém que esteja além da minha cama
Além de uma noite apenas.
Aquela cujos olhos virão cheios de emoções
E de segredos mil para contar,
Busco alguém que já não queira ser usada,
Alguém para amar.
Chamo baixinho
Aquela cujas mãos se entrelaçarão nas minhas
Só pedindo amor em troca,
Aquela cujos beijos me farão sentir não estar morta.
Rezo, declamando preces,
Que venha e que prove o quanto me merece.
Busco aquela que me espera,
Em noites frias, tempestuosas
Ou em doces primaveras,
Aquela cuja alma de desejos está repleta,
Aquela que distante me alimenta e me completa.
Busco, pois já não posso estar parada a esperar,
Já não posso confundir o meu olhar
Com os azuis vazios do inverno.
Exploro com o tato cego
As mãos do anjo que me vai roubar o fôlego
A alma sã que me vai tirar do inferno,
Dessas bocas tantas borradas em mim
Desses corpos espalhados em minha cama,
Dessas noites que não quero
Desse nó em minha garganta.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Platonismo

Deixo que sua voz me embale
Olho-te como quem não sabe,
O quanto alimento de vontade
Quando me perco em seus olhos.
Deixo que você me leve
Ainda que seja breve,
Deixo-me apaixonar
Mesmo que secretamente.
Provo de seus lábios
Tomo seu corpo
Só em pensamento.
Entrego minha alma
Em um beijo que acalma
Em um abraço discreto,
Só por um momento.
Seja minha em teus sonhos
Nos cenários mais distantes
No trocar de olhares
Mero platonismo
Nesses íntimos instantes.

Inconsolável

Percebi
No ápice do amor
Todos os sentidos que me provocava,
Mas mergulhando em minhas fantasias
Mal percebi seu esquecimento.
Esqueceste
Que um pouco mais acima
Existia um coração,
E que no íntimo de tudo o que provava
Com suas mãos e com sua boca úmida
Existia uma alma.
Esqueceste,
Que cada coisa mínima desfila o seu preço,
Até o que se grita,
E aquilo o que se cala.
Esqueceste a consciência e o caráter,
E por prazer até matou a lucidez,
Mas lembrou-se de ensinar-me
Que erros inconsoláveis
Só se comete uma vez.

Sós

Guardei umas lembranças na pasta preta,
Outras em uma sacola,
Livros de poemas meus e delas,
Cartas, desejos, mentiras e verdades,
Guardei tudo, para não repetir os mesmos erros.
Ainda mais,
Guardei as duas no mesmo lugar,
Como se ambas fossem uma coisa só,
Já não me lembro bem
Como e quando foi,
Nem sinto falta,
E em minha garganta
Não há nenhum nó.
Apenas guardei
Em um abismo
Tão frios momentos
Só dois pensamentos,
A sós.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Lapso

Tudo é momentâneo,
Como o tempo
Lapso da existência,
Tudo é vaidade
Luxo
Carência.
Além disso?
Não há nada!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Ladrão de almas

Roube,
Minha alma,
Minha vida,
E acabe com essa ausência de respostas.
Roube meus sentidos
Meu tempo
Meus olhos,
Para que eu não veja e vivencie
Tudo aquilo que me dói.
Já vivi muitos momentos
E abracei muitos perigos,
Roube o céu
E todo abrigo,
Mate a minha existência
Em silêncio,
Leve minha respiração
E divulgue sua sentença.

Estranhes

Estranhas são as relações,
Palavras soltas, buscando coerência,
Estranha é a paciência
A lentidão,
A calmaria,
Estranha é essa alegria
Em dispor do que satura.
Incrivelmente estranha é a doçura
De cada passo e cada rua,
E cada boca desgastada,
Depois do amor
Resta mais nada,
Além da estranha lembrança
De algo desconexo que se viveu.
Estranho pensar,
Você,
Eu,
Estradas cruas que divergem,
Palavras nuas que se divertem
Morrem de frio
Ardem em dor,
Entre esses olhos, milhares deles,
Só há desejo,
Não há amor.
Estranho lembrar,
O que é teu rosto?
As suas formas,
Onde elas foram?
Evaporaram das minhas mãos,
Esfacelaram-se,
Inexistiram na emoção.
Graças a Deus,
Não sei quem és
Estranho ser assim tão fria
E mergulhar na alegria
De me livrar desses teus braços,
Corretos são todos os passos
Se forem longe de você.
Escorregando
Perdendo nexo,
Observando
O retrocesso
Da sua boca,
Riso,
Friso,
Da sua verdade.
Estranha é a realidade
A veemência do uso
A carência da lealdade.

Hanna Bizi

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Nada como...

Naquele lago horas inteiras
Sentindo o cheiro da morte,
Quando seus lábios sorvem minha vida
Sinto ter sorte,
Nada como a dor
Como o uso e o abuso das tuas mãos
Do teu corpo que exploro,
Para me fazerem forte!
Na escuridão, imersa em poeira
Sentindo o sabor da tua pele,
Quando seu corpo prende minha alma
Minha mente ferve,
Nada como o vazio, o silêncio,
A doença do teu beijo
A morte dos desejos,
Para me fazerem calculista e fria.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Desejo rubro

Mãos delicadas
Alvas, unhas rubras
Torturando minha pele,
Olhares fixos,
Minha alma ferve
Basta um suspirar.
Lábios profundos
Tomam-me
Fazem-me perder,
Perfume inebriante de torturas
Macia pele
Pura em prazer.
Como uma canção infinita
De acordes em milhares de variações,
Como cores sucintas
Se convertendo em mil e uma gradações.
Braços, que me prendem sem imporem força,
Voz, que me transporta a universos paralelos com sussurros,
Suas pretensões são as melhores, momentâneas,
E seus momentos todos puros.
Nos seus caminhos
Não há perdição ou encontro
Não há herege ou santo
Há o silencio e o nada,
Dois corpos despidos
Nascidos
Da plena madrugada.

Inexiste



As cores vivem,
Esse gosto de morte
Fui somente eu quem provou.
As emoções morrem em mim
E vivem em outros lugares
E cantam o amor,
A vida se propaga em sons milhares
Em ondas sussurrando cores,
Em letras
Escrevendo amores
Em horas
Regulando o tempo,
Enquanto morrem minhas esperanças
E almas cheias de lembranças
Adentram meu pensamento.
O céu tem cheiro de morte,
O lago escuro
Cor de morte fresca,
O amor é então inexistente
Em minha vasta mente
Em minha cabeça.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Caleidoscópio

Porque dor?
Se tudo não passou de uma grande brincadeira?
Como bebida além da conta
Em qualquer sexta-feira,
Como um passa tempo?
Porque manter sua lembrança
Em meu pensamento?
Porque dor?
Se posso controlar os meus desejos?
Se não foi dos melhores que provei
Esse seu beijo,
Se excluir é fácil e sei como fazer?
Porque me preocupar
Se não amo você?

Venha

Venha,
Acalentar meu coração,
Escute minhas preces
Em alguma estação
E venha para meus braços
Na próxima embarcação.
Venha
Com as cores de seus olhos
Que ainda desconheço,
E dê-me dessa vez
O amor que mereço
Que só vem de você.
Venha,
Me ensine o que é perder o fôlego
Me ensine o que é querer,
E se não souber do amor
Te ensinarei como fazer.
Venha ver comigo
O céu perder a cor em ínfimo momento
E as cores adentrarem seu vasto pensamento
Enquanto o amor acontece,
Venha, que faz frio
E espero por você.
Venha, de onde não sei
Que seja logo o quando,
Venha meu amor
Que estou te esperando,
Para enlaçar meu cansaço
E te prender em meus braços.

Matéria



Cansada,
Um corpo sem alma
E sem sentimentos,
Não grito, não falo,
E não me lamento,
Apenas inexisto,
Nesses momentos.
Amontoado de matéria
Que ri e que sofre
Que anda a cidade,
Em minha cabeça doída
Não há dor, esperança ou saudade.
Cansada,
Prefiro a máquina fria,
A coisa humana já não me engana
Só me silencia.
Escorada na janela dos meus medos,
Eu desejo estar sozinha
Moro em um deserto imenso
A vontade é a vizinha,
E transforma o que penso
Em matéria negra e fria.

Ótica

Estranhas são as relações,
Palavras soltas, buscando coerência,
Estranha é a paciência
A lentidão,
A calmaria,
Estranha é essa alegria
Em dispor do que satura.
Incrivelmente estranha é a doçura
De cada passo e cada rua,
E cada boca desgastada,
Depois do amor
Resta mais nada,
Além da estranha lembrança
De algo desconexo que se viveu.
Estranho pensar,
Você,
Eu,
Estradas cruas que divergem,
Palavras nuas que se divertem
Morrem de frio
Ardem em dor,
Entre esses olhos, milhares deles,
Só há desejo,
Não há amor.
Estranho lembrar,
O que é teu rosto?
As suas formas,
Onde elas foram?
Evaporaram das minhas mãos,
Esfacelaram-se,
Inexistiram na emoção
Graças a Deus,
Não sei quem és
Estranho ser assim tão fria
E mergulhar na alegria
De me livrar desses teus braços,
Corretos são todos os passos
Se forem longe de você.
Escorregando
Perdendo nexo,
Observando
O retrocesso
Da sua boca,
Riso,
Friso,
Da sua verdade.
Estranha é a realidade
A veemência do uso
A carência da lealdade.

sábado, 30 de maio de 2009

Para alguém...

Não é muito difícil
Te visualizar como inspiração,
É simples o ofício
Basta fechar os olhos
E te sentir singela
Como doce canção.
Vejo uma mulher,
De força e de silêncios,
De sonhos, tempestades,
De olhos singulares
Que tudo vêm dizer,
As coisas mais bonitas
Quando me sinto aflita
Emanam de você.
Não é muito difícil
Te imaginar sorrindo
A força me encobrindo
Saindo da tua luz,
Imaginar seu gosto
Expressões do seu rosto,
Caminhos que conduz.
Não é muito difícil escrever...
Se as palavras mudas
Tornam-se tão profundas
E falam de você!

domingo, 24 de maio de 2009

Algo esquecido




Aquela que amei, morreu,
Sem que me avisassem
Ou convidassem para o enterro,
E eu aqui fiquei, esperando-a,
Durante um dia de inverno inteiro,
Minha alma rogando-a,
Sussurante, baixa,
Que viesse me aquecer.
E foi quando busquei sua alma
Que pude perceber
Ela já não era a mesma,
Fria, intacta, imóvel e morta,
Já não era mais aquela
Que outrora batera em minha porta
Carregada de sonhos e amores,
E seus olhos vítreos, vazios
Cantavam canções fúnebres
Gritavam horrores,
Imploravam que minha alma fosse escrava
E que ela jamais fosse esquecida.
Dei de ombros, fria, machucada,
Esfolei as mãos nas paredes das esquinas
Repeti mil vezes as promessas não cumpridas,
A deixei em sua lápide
Me rasguei para dar partida
Esqueci com ela o gosto, o sabor
A minha vida.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Reação


Pedras preciosas

Cheias de inclusões

Produzem efeitos distintos

Produzem aos olhos emoções.

Sempre que me encontro comigo

E grito, e ecoam os gritos,

Sempre que os lanço nas paredes de minha alma,

Observo os espaços vazios com calma

E lapido meu hábito

Explorando os efeitos.

Se for pra fazer

Que eu faça bem feito,

Se for para ser,

Que eu abrace a solidão,

Sem questionar

Ser ou não ser, eis a questão!

Se for para olhar o azul do céu

Que eu me perca e me incorpore a ele

De modo que sejamos indissociáveis.

Se for para desejar que sejam coisas palpáveis,

Porém se for pra amar,

Que eu me perca em pensamentos.

Minhas feridas,

Não cristalizam por dentro,

Circulam meus órgãos internos,

Preenchem espaços eternos,

Lançam-me contra a vida.

De que servem então as feridas?

Para doerem,

E me manterem acordada,

Para baterem em minha cara e dizerem:

Reaja! Você está viva!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Lembrança de você

Te amei,
Além das minhas forças,
Acima dos limites,
Não estipulei um fim.
Por isso fui embora
Em tão súbita hora,
E para não morrer de amores
Me refugiei em mim.
Tranquei,
Os sonhos, os desejos,
As lembranças.
Matei,
Como quem ri da morte
E elimina as esperanças.
Me vinguei,
Como quem se machuca pra sentir prazer.
Mas uma coisa apenas
Não consegui fazer.
Dentre tudo o que calei e arranquei de mim,
Como pintor que nunca se separa do nanquim
Assim o foi, por maior que respirasse o meu querer.
Não pude apagar, arrancar de minha vida
A lembrança de você.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Artificial


Não sei onde errei
Cansei de esperar,
Sempre me enganei
Com um brilho de olhar.

Um pouco de atenção
Um afago qualquer,
Prende o meu coração
E o leva onde quer.

Eu cansei de sofrer
Prefiro a solidão
A ter que me render.

Não quero acreditar
Eu prefiro o silêncio
Que o falso olhar,
E a indecência de amar.

Jóia falsa talvez,
Tudo artificial
Você mesma quem fez
Artífice banal.

Promessas absurdas
Que não pode cumprir,
Prefiro estar surda
A ter que te ouvir.

Chorei,
Como me enganei?
Nas ondas da fraqueza
Outra vez naveguei.

Esqueci
Que eu queria amar,
Enquanto o seu coração,
Só queria brincar.

domingo, 19 de abril de 2009

Custo de Oportunidade

Cinco da manhã
E o céu permeia entre o claro e o escuro,
Casas e poeira
Desenrolam sussuros,
E eu paralisada
Avalio meus custos.
Custos de oportunidade.
Quanto sacrifício representará
Substituir todas as cores
Por um céu insuportavelmente azul?
Anulando as tonalidades todas
Excluindo as variedades,
Até que nada reste além da densidade
Desse azul celeste que enoja, pacifica e silencia.
Quanto custará substituir o risco e a alegria de estar junto
Pela certeza e a segurança de abraçar a solidão?
Quanto custará ao meu coração?
Quanto calarei então em minha vida?
Cinco e meia da manhã,
Mão suadas deixam marcas nas portas de vidro,
Está claro e brevemente apagado
Que existo e que respiro.
Visto minhas calças,
Calço meus sapatos,
Sujo os lençóis de despedidas.
Quanto deixarei jogado nessa sala?
Quanto levarei,
Gravado nessa vida?

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Muitas em uma

Ela adora gatos,
Mas não os tem,
Adora a lua,
Mas nem a olha,
É vegetariana,
Mas só de vez em quando,
E se pergunto o porquê,
Sua resposta é vazia.
Amava o Yoga,
E o abandonou em meio a seus caprichos,
Uma artista mascarada
Expõe como seu ídolo.
O que é Greenpeace?
É muito fácil tê-lo em sua página,
Mas movê-lo em sua vida,
Para ela é impossível.
Ela se encontra na Grécia,
Mas sozinha não encontra o seu sentido,
Diz ser menina e ser mulher,
Mas seus sonhos de infância estão vivos,
Vejo isso em seus olhos,
Que desejam uma casa na árvore, quem sabe,
Sonhos, ou caprichos?
Um de seus ditados,
Tem significados que vão mais além:
FAÇA O BEM, SEM OLHAR A QUEM.
Mas como?
Se de um lado ela sofre para fazê-lo
E de outro ela planta a dor inconscientemente?
Ela vislumbra poderes,
E guarda em sua mente
Uma vontade alheia de poder mudar o passado.
Quer ser feliz para incomodar,
E por isso um dia quis estar ao meu lado.
Depois que incomodou,
Ela foi embora.
Adora livros,
Mas ainda não releu nossa história,
Talvez ela a carregue como eu,
Impregnada em sua memória.
É de peixes,
É da vida,
E não vive.
Diz que o amor tem importância,
E indiferente me agride.
Talvez ela me ame tanto quanto
Aos gatos, a lua, as verduras, o Yoga,
O equilíbrio, as manobras,
Ou sua artista mascarada.
Reduzir, reutilizar, reciclar,
Tudo tão igual ela profere!
Talvez ela me jogue fora
Sem me reciclar,
Talvez nem se dê conta
Quando mata, quando fere.
Seu amor próprio é tão imenso
Quanto sua luta interna.
Pergunta-se:
O que está havendo com o mundo?
Pergunto-me:
O que está havendo com ela?
Diz ser sensível,
Olhando para mim com olhos de pedra,
Diz ser amável,
Mas sua amargura me inquieta.
Diz crer no amor,
E mal me toca como antes tocava,
Me abraça com um ar descrente.
Meu Deus será que ela me amava?
Ou me via como sua descoberta
Como o descontrole de sua loucura?
O que houve com seu MEL?
Onde foi sua doçura?
Ela é muitas,
Ela é duas.