Quando percorro com meus dedos essas palavras em seu corpo
E as imagens que flutuam sobre sua pele macia,
Te sinto tão minha.
Então você respira e é como se cada palavra respirasse contigo,
E eu as sinto, sigo,
Por me parecer tão evidente a existência de um mundo inteiro
Por detrás daquela tinta,
E do seu cheiro
Que sorvo
Como sorve a caneta aquela tinta de um tinteiro.
E assim, livres
Eu, você e todos esses mundos que se escondem sob nossas peles
Nos convertemos em uma cena e seu pintor,
Materializando o sentido dos beijos, do toque, da alma
Enquanto fazemos amor.
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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
Um ensaio sobre ela
Somos como dentes-de-leão ao
vento, de almas livres, até que nos chocamos a algo ou nos pareamos com algo.
E buscar não adianta, nunca é
eficaz, pois as coisas que nos completam sempre chegam e chegam fora da data de
espera. Assim foi com ela.
Busquei tanto que nem sabia mais
o que buscava e todas a vezes, referentes a ela, em que desisti, o destino
planejou novamente a trajetória, e assim seguimos, juntas, dois dentes-de-leão
agarrados ao vento.
Ao lado dela eu fui livre e
descobrir, aprender e ensinar cada pequena coisa teve maior significado em
minha vida, porque as coisas dela, o modo de falar, de gesticular e sugerir,
até de cozinhar, se tornaram minhas coisas e vice-versa.
Mas agora, que ela esta longe e
seu coração tão perto, estou presa, completamente presa a saudade que sinto
dessa mulher, minha menina, presa aos flashes de momentos que ninguém mais vai
me dar, as coisas dela que ficaram espalhadas pela casa... o chinelo daqueles
pequenos pés, a escova de dentes reservada junto a minha, o soro fisiológico
para limpar a lente e até os lençóis da cama, tudo, tudo pertence a ela, a nós,
as lembranças de nós, quando éramos uma só coisa.
Não digo apenas das coisas
materiais, dispostas como bricolagens para escreverem uma história de amor
sobre nós. Mas também meu modo de dormir a noite, de barriga pra cima esperando
ela recostar o rosto sobre meu peito, ou as canções que escutávamos juntas, ou
as que ela gostava que eu tocasse ao violão, as quais desde que ela se foi eu
já toquei mais de mil vezes.
O meu ensaio sobre essa mulher é
breve, porém profundo, tão profundo que escrevo um ensaio para não escrever um
livro.
Porque é como se nos braços
dela, no mundo dela, eu tivesse descoberto um novo mundo e isso me encanta.
Cada vez que me lembro das brincadeiras sobre o nosso casamento e a vida de
casal, é impossível não sorrir e implorar a Deus que um dia sejam mais que
brincadeiras e que sonhos, planos que parecem precipitados, que seja apenas
toda a realidade que eu quero abraçar e ter em minha vida. Ser o seu amor, mãe
dos seus filhos, quem vai dar-lhe flores e preparar o café da manha todos o
dias, quem vai realizar-se apenas em esperar que ela volte do trabalho, que ela
diga eu te amo mais uma vez.
Sei que nos conhecemos a pouco
tempo, mas parece que as almas já vinham de tempos reconhecidas, pareadas, como
dentes-de-leão. Eu gostaria de enlouquecer, pela distância, a saudade,
incertezas sobre o futuro, mas não sou capaz.
Enlouqueci tanto fotografando os
olhos, bochechas, lábios voluptuosos e o sorriso dela que aqui já não há mais
espaços para loucura. E assim, as coisas mais improváveis, em meu coração,
parecem certas.
Não é que sejamos feitas uma
para a outra, apenas que encontramos algo raro e difícil de explicar. Uma
ligação, cuidado, uma abertura indescritível e todas as outras coisas que
qualificam aquilo que desde séculos, costumam chamar por aí de amor.
"...Abra as janelas e deixe a "esperança" entrar. O Dente-de-Leão, quando entregue como presente, significa união, tolerância, otimismo e esperança..."
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